Tuesday, December 6, 2011

Genialidades proferidas por condutores de taxi #4

The tropical cab

É um Dezembro quente, este. Diria mesmo tropical. De tal forma que o tejadilho já está aberto quando entra no veículo. Ao engano, ainda equaciona a necessidade de arejamentos temporários.

- Ora é para onde?
- Rua tal tal, nº44.
Metida a primeira e levantados uns quantos fios de cabelo, a única imagem que lhe ocorre é Carmen Miranda acenando aos fãs em pleno passeio ao longo de Copacabana. Com águas de côco e cenas. Mas Dezembro em Lisboa é bem mais tropics, nem se deveria colocar essa questão.

- Faz ideia de onde isso fica?
- Rua tal tal, nº44. (note-se que é daquelas que ouvimos diariamente nas informações de trânsito)
- Sim, sim... mas não estou a ver...
- Não sabe onde é a rua tal tal? - do fundo da corrente de ar, já engasgada com cabelos.
- Sei pois. Agora o número 44, não estou mesmo a ver...
- Hum. (Como quem diz: há uma rua que se sabe qual e há um número, o que falta perceber?)
- Não consegue informar-se melhor?
- Não sei se consigo dizer-lhe algo mais específico do que isto...

Tropical cab é encostado à beira de uma praça com colegas de profissão, o volume capilar acalma, embora em desalinho. Salta a pergunta pertinente:

- Rua tal tal, nº 44, sabe onde é?
- Ora... vai até à rua tal tal e procura o nº44.

(Pois.)

Arranca novamente em trópicos (é exagerado dizer que a garota já vai com os olhos raiados devido aos ciscos que entram veículo adentro, mas tem muito mais piada). Rua tal tal e nada de nº 44. Rua abaixo, rua acima a velocidade que não permite identificar a numeração, ainda insiste:

- Se me conseguisse dar uma outra referência, talvez fosse mais fácil. Não pode ligar a ninguém?

- Nevermind. Fico por aqui.

Sobrevivida ao El Nino, ao lado do nº 44, por coincidência.

E taxis descapotáveis, não? Seriam um sucesso nessa Lisboa dos Dezembros quentes...

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