Sunday, April 29, 2012

Alberto João Jardim

"Eu sou o discípulo de Gandhi".

Friday, April 20, 2012

Os Livros do Povo - Noções de Tudo #2

Número 13 - O Encanto Feminino, Parte II (a continuação)



5. "O que deve saber a mulher? Muito? Pouco? Coisa nenhuma? Ruskin respondeu: Quanto baste para compreender o marido".

Pára tudo. Para as solteiras de 1920, a vida acaba aqui.
Prossigamos sem elas.

5. "A mulher, não deve deixar a cultura e a educação do seu espírito para muito tarde. Devendo porém, segundo Ruskin, essa cultura subordinar-se às exigências do marido, e não tendo ainda a mulher feito a sua escolha, como resolver o problema?"


A-ha! Afinal ainda existem, embora com sérios problemas por resolver. Vejamos que outra solução teria a mulher solteira de 1920, para além de se suicidar na via pública, por volta das suas 25 primaveras...

6. "A nosso ver, facilitá-lo-há, em grande parte, o facto de a mulher não procurar marido fora do seu meio. Os matrimónios híbridos, em que creaturas de educação completamente diversa tentam conciliar um antagonismo de todas as horas, raro dão bom resultado. Assim como se nos afigura vexatório para a dignidade da espécie, que uma branca se case com um preto. Entendemos que uma mulher fina e requintada, nunca poderá ser feliz com um brutamontes, nem uma burguezinha de ideias acanhadas com um marido que pense doutro modo."

(Djisas... Note-se a classe e educação com que se dizem estas barbaridades... Não estão a exigir, mas a educar, a dar conselhos...E isto foi há menos de cem anos... )
Assim se conclui que a vida da solteira de 1920 não acaba pelos seus 25 anos. Há sempre a hipótese de se manter no mesmo sítio, parada a olhar para cima, e aí talvez lhe caia um toucinho do céu... da mesma espécie, claro.

E tudo isto remata com...

6. "É mais que provável e quasi certo, que a mulher que escolhe marido no seu meio se mostrará, só por isso, habilitada a compreendê-lo num sem número de assuntos. Claro está que, salvo raros casos, não carece de especializar-se como o homem. A mulher do médico não precisa estudar anatomia, nem a espôsa do engenheiro de saber traçar estradas. A cultura feminina deve orientar-se num sentido acentuadamente genérico e receptivo que, isto é, permita à mulher formar uma ideia do que o marido está dizendo ou fazendo, mas não sirva para armar discussão erudita sobre o assunto."



Vá, aprendam lá qualquer coisinha para não fazerem má figura... mas não vão dizer que não é bem do lado esquerdo do peito que se situa o coração para não armar alarido. Cá coisas eruditas... só generalidades.


7. "Fora destas regras gerais, não vemos limite a marcar para a cultura da mulher, senão o de evitar por todos os meios, mesmo à custa de parecer ignorante, o mostrar-se uma sabichona. Nenhum defeito é mais desagradável e ridículo. As ratas-sábias ou as doutoras só podem agradar aos néscios ou aos desfrutadores. Pois se no homem é imperdoável a ostentação de sabedoria, na mulher só consegue fazer rir."


(Ouch...) Vá, cala-te e come.


8. "Para o suspeito feminismo, que desejaria dar bigodes e calças compridas à mulher, será ainda por muito tempo intransponível, pelo menos nos países latinos, a irónica barreira de Proudhon : Não se compreende a mulher legisladora, como não se compreende o homem ama de leite"


Isto ultrapassa qualquer limite da passagem das flores do episódio anterior. Imagino agora o John Lennon a erguer muita gente das campas. Mas se hoje em dia já a mulher usa calça, podemos falar do homem ama de leite?

Os Livros do Povo - Noções de Tudo

Número 13 - O Encanto Feminino, Parte I



A capa não diz tudo mas promete muito: Um "Livro do Povo" com "Noções de Tudo"... e números vários. Deparei-me com o 13º, "O Encanto Feminino" (ou antes "as obrigações da mulher, ou o "estamos cheios de medo que mais dia menos dia elas nos passem a perna e isso é que não pode ser", em linguagem corrente); aparentemente em 1920, já muita pérola havia.


1. "É rara a mulher que, por o facto de ser mulher, se não considera desfavorecida da sorte e não inveje o ser homem".

Podia estar descontextualizado mas não está, é isto. Uma pessoa já nasce mal e é crónico.

2."Parecerá uma redundância dizer mulheres verdadeiramente, mulheres. infelizmente não o é, porque há creaturas que, usando saias e cabelo comprido, serão tudo quanto se quiser, menos mulheres. As mulheres quando se zangam mudam de sexo. Outras causas há que as desfiguram e dão foros de realidade ao "terceiro sexo" dos humoristas". 

Vamos por partes: Primeiro, as mulheres que não eram mulheres porque se zangavam. O rabo de saia não enganava. Mulher zangada vira homem, porque a verdadeira mulher não contesta. Há ainda a hipótese de ser homossexual se o fizer! Foi preciso ler a frase três vezes para entender o que realmente se queria dizer com tantas palavras e a designação de terceiro sexo dos humoristas. Bastava uma.

3. "Na generalidade, a mulher não ultrapassa a condição de discípula; admirável de quando em quando, mas nem sempre um reflexo do mestre. Não há mal em que assim seja. os bois não voam e as andorinhas não servem para puxar o arado. Que importa, portanto, que os homens saibam pensar melhor que as mulheres, se estas o suplantam em outras habilidades?"

Claro como água: Se a mulher é tão hábil com a frigideira, porquê pensar em assuntos? Os bois também não voam, porque haveriam elas de pensar? 

4."A mulher é a flor da vida. Cabe-lhe, como à flor, um duplo papel decorativo e oloroso".

Manhosos. Primeiro fala-se de flores. Depois em flores metaforicamente. Depois, nos deveres das flores. Pressinto o John Lennon a erguer-se da campa.

(to be continued... ele há mais)

Monday, April 16, 2012

O brusco desfecho da minha relação consideravelmente duradoura com as Finanças

(mantendo-me fiel à versão não piegas)

Depois do romance escaldante vivido nos últimos meses, esta história termina, tal qual se previa, de forma trágica. Como tudo o que é bom acaba.
Mas porquê assim, bruscamente, por carta? E tão cedo? Ninguém está à espera. No mínimo um ano. As Finanças já não são as mesmas, não tenham ilusões. Agora descobriram que são rápidas.

Pois surgem duas, e não apenas uma carta das Finanças na caixa do correio. 

A primeira rezava resumidamente o seguinte: (devia ter começado pela segunda)

"Verificou-se que as empresas x entregaram a declaração de alteração da contribuinte, sendo estas devidamente aceites e como tal procedeu-se ao acerto do valor em dívida". (menor, claro está. Afinal a dedicação vale a pena. Porém, estando paga a dívida que nunca foi dívida, não é fácil compreender este português. Há créditos, não dívidas. Enfim, prossigamos...)

A missa da segunda:

"Dado que o valor do acerto do valor em dívida (a sério, qual dívida?), é inferior ao descrito no decreto lei tal tal, o mesmo fica sem efeito". O mesmo que: Esqueça lá que lhe enviámos uma primeira carta. Daqui não leva nada.



Tenho demasiados estudos para isto. Vou comprar baldes de Haagen Dazs...

Ainda-está-agarrada-ao-pescoço episódio #26

A semanada e a fita gomada

Não vá uma pessoa ficar com a carteira demasiado pesada, dada a conjuntura, o melhor é rasgar um envelope com duas notas de 50... em três. Pessoas sérias, jogam pelo seguro.
Valeu-lhe a fita gomada e alguma experiência de visionamento na Fox Crime e as pequenas voltaram a circular.

Foi quase o milagre da multiplicação. Quase...